S de SERROTE, FRANCISCO ALVIM

serrote #1, março 2009

S de Serrote (verbete com envoi), FRANCISCO ALVIM

ALFABETO serrote


Um arabesco delicado e paradoxal de dentes pontiagudos dispostos em única fileira sobre material rijo ou flexível. De aplicação extremamente variada, serve, antes de outras, para a manipulação de mentes doentes em noites acordadas, quando se debatem com os deficits morais de suas patéticas existências. Nada nele agrada. Seu riso de jacaré espatifa as alegrias. Registrem-se também referências bizarras ao culto do serrote nas comarcas perdidas de Minas (temei, penhas!). Manipulado por mãos tenras e juvenis, pode introduzir, na vida dos delfins, um arremedo de felicidade. A ilusão do beijo nasceria nesse instante. Há, porém, um porém muito bem assi nalado: com a carne não se brinca! Razão por que outros, da corriola dos descrentes, elegem-no como patrono dos emasculados filhos de Adão e classificam-no no grupo das tesouras abissais.

ENVOI Às vezes, no calor do dia, soa o telefone e uma voz em frangalhos passa a encomenda: me traga um! Por que estavas ali e não aqui? Ou aqui e não ali? Desespero! A sombra do verbete se projeta: em seu pretume, o gume e o corte na ferida viva. Não há como escapar. Sic transit gloria mundi! Mas oh, tu, meu assemelhado, que tudo almejas e desejas desde o Grande Século! Não te enganes: antes que a alcances é preciso transitar.

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