Conversa com Antonio Dias – serrote 16

Conversa com Antonio Dias – serrote 16

Na década de 1960, depois de receber o Prêmio de Pintura da Bienal de Paris, Antonio Dias desembarcou na capital francesa. Na bagagem, levava desenhos e recortes que seriam reunidos em um caderno comprado pelo caminho. Com um adesivo na capa escrito “Fragile”, o caderno foi o espaço que Antonio escolheu para experimentar e organizar suas anotações visuais. Múltiplo em suas formas, esse material – que incluía desenhos, pedaços de papel e colagens –, permaneceu inédito ao longo das cinco décadas seguintes, até ser publicado pela primeira vez no número 16 da revista serrote.

“Fragile” foi o assunto principal da conversa entre Antonio Dias e o crítico de arte Paulo Sergio Duarte na ocasião do lançamento da serrote 16, em 9 de abril de 2014, no IMS Rio. O bate-papo registrado no vídeo acima abordou a ditadura militar no Brasil e também o modo como críticos e artistas enxergavam a produção feita durante esse período.

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Confira a apresentação de Antonio Dias para o ensaio visual e algumas das imagens publicadas na serrote 16:

No final de 1966, eu estava deixando o Brasil. A perspectiva que eu tinha era de receber algum dinheiro durante seis meses, em Paris, como resultado do Prêmio de Pintura na Bienal de Paris 1965. Nenhum projeto, além de desejar estar longe da ditadura. 

Na bagagem, além de cinco ou seis desenhos mais elaborados, um envelope onde eu havia enfiado imagens recortadas de vários cadernos em que eu desenhava, ou pedaços de papel desenhados em qualquer lugar, em um bar, durante uma conversa. 

Logo que cheguei a Paris, comprei um caderno e recolei tudo, e por algum tempo continuei anotando fragmentos de imagens. Aquele caderno resumia a minha vivência no Brasil, até o deslocamento. Em pouco mais de um ano, aquele tipo de anotação já não fazia mais sentido. O caderno morreu ali, e estas são algumas páginas. (Antonio Dias)

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