serrote 30

serrote 30

Lançada em 2009, a revista serrote comemora 10 anos com uma edição especial, que chega às livrarias em novembro. Na serrote 30, Philip Roth revisita os últimos anos de Kafka e imagina o exílio do escritor tcheco nos EUA. Henry Louis Gates Jr. mergulha na vida de um escritor negro que tentou escapar da própria identidade. Simone Weil reflete sobre as consequências do uso da força. Claudio Magris investiga o papel do segredo na política, na literatura e no amor. César Aira escreve um ensaio sobre o ensaio.

E mais: um ensaio visual de Luiz Zerbini; uma história dos feminismos no Brasil traçada por Carla Rodrigues; a busca de Joca Reiners Terron pelos papeis e as obsessões de Valêncio Xavier; uma viagem de Eucanaã Ferraz pela estética do artifício nos anos 1960, passando por Drummond, Hitchcock e motéis americanos. Saiba tudo sobre a serrote 30

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Em março de 2009, o primeiro número da serrote trazia, acompanhando os “Aforismos reunidos” de Franz Kafka, um retrato do escritor assinado por Milton Glaser. O designer criou o desenho nos anos 1970 para ilustrar, na revista Push Pin Graphic, um ensaio de Philip Roth sobre o autor de A construção. “Contemplando Kafka”, aquele texto de Roth, sai nesta 30a edição, numa coincidência irresistível de se lembrar em plena celebração de números redondos.

Nesses dez anos, a serrote publicou 379 ensaios, tão variados em estilo, temática e origem quanto os aqui reunidos. Neles se discutem desde a forma do ensaio, obsessão da revista, à história das pioneiras do feminismo brasileiro, passando pelo valor do segredo segundo Claudio Magris e a viagem irresistível do poeta Eucanaã Ferraz sobre uma lírica do artifício, nascida entre Carlos Drummond de Andrade e os motéis americanos.

No ensaio visual, Luiz Zerbini mostra um recorte de sua obra, a exemplo do que já fizeram Wilma Martins, Paulo Pasta, Waltercio Caldas, Tunga e Antonio Dias, todos eles colaboradores ao longo desses anos.

Com “A Ilíada ou o poema da força”, de Simone Weil, reiteramos nossa firme oposição ao obscurantismo, também tema do ensaio pessoal de Daniel Salgado e da reflexão sobre o poder de Djaimilia Pereira de Almeida.

Não nos esqueçamos, com Weil, de que a possibilidade de uma vida digna está em “não acreditar no abrigo da sorte, nunca admirar a força, não odiar os inimigos e não desprezar os desafortunados”. (Paulo Roberto Pires)

*

CRÍTICA
César Aira / Santidio Pereira
O ensaio e seu tema
O ensaísta deve ser inteligente, mas não muito, deve ser original, mas não muito, deve dizer alguma coisa nova, mas fazendo-a passar por velha

ENSAIO
Eucanaã Ferraz
Todos pareciam felizes
Com nylon e vidrotil, neon e plexiglass, os anos 1960 demoliram a farsa da autenticidade, inspirando uma melancólica lírica do artifício que passa por Drummond, Hitchcock e piscinas de motel

LITERATURA
Philip Roth / Franz Kafka
Contemplando Kafka
E se o autor de O processo tivesse morrido em Auschwitz, fugido para a Palestina ou terminado seus dias como um solteirão dando aulas de hebraico em Nova Jersey?

FEMINISMO
Carla Rodrigues / Gego
Fios, nós, tranças, tramas
Caminhos para uma breve história crítica dos feminismos no Brasil

POLÍTICA
Djaimilia Pereira de Almeida e Humberto Brito / João Loureiro
O desinteresse pelo poder
Os que abdicam de exercer alguma dominação desdenham daqueles que pretendem dizer como devemos viver, querem representar nossas dores e estabelecer em que devemos acreditar

ENSAIO VISUAL
Luiz Zerbini
Monotipias

CLÁSSICO
Simone Weil / William Orpen
A Ilíada ou o poema da força
Ao cantar a guerra, Homero adverte como a violência literal, que mata, também tem o poder de petrificar, de transformar em coisa o homem que continua vivo

SOCIEDADE
Daniel Salgado / Marcos Chaves
Transgressão à direita
O Brasil deve aos fóruns de internet a criação de memes impagáveis e dos jovens reacionários cooptados pela misoginia e o ressentimento de gurus conservadores

IDENTIDADE
Henry Louis Gates Jr. / Hurvin Anderson
Branco como eu
Anatole Broyard queria ser um escritor, não um escritor negro. Por isso, optou por viver uma mentira em vez de enfrentar uma verdade essencial

LITERATURA
Joca Reiners Terron
O Frankenstein de Curitiba
Como o trapeiro de Baudelaire, Valêncio Xavier encontrou no lixo o seu assunto heroico, reanimando com choques elétricos os retalhos mortos que cortava e costurava

ENSAIO
Claudio Magris / Helena Almeida
O segredo e seu contrário
Dos jogos infantis ao poder, passando pelos arcanos da religião, aquilo que se oculta é uma dimensão essencial entre o compromisso da custódia e o impulso ao desvendamento

4 respostas para serrote 30

  1. Pingback: Em tempos de coronavírus, livro de Valêncio Xavier sobre gripe espanhola pede reedição – Freio de Mão

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