serrote 44

serrote 44

Nova edição publica ensaio de Evandro Cruz Silva sobre os dilemas da classe média negra brasileira, texto de Natalia Carrillo e Pau Luque a respeito das distinções entre culpa e responsabilidade no engajamento político, e artigo sobre a relação entre Toni Morrison e Angela Davis

Compre a serrote 44 na Loja do IMS

CARTA DO EDITOR

As ideias de responsabilidade e culpa permeiam os ensaios que abrem e fecham esta edição. Nas reflexões de Evandro Cruz Silva e da dupla Natalia Carrillo e Pau Luque, consciência política é tão mais consistente quanto distanciada de engajamento emocional e das proverbiais boas intenções.

“Mesmo que eu o visse como ‘um de nós’, aquele moleque preto com uma arma na mão era meu inimigo de classe”, escreve Silva, que parte de um assalto sofrido em Salvador para refletir sobre a complexidade e os percalços na consolidação de uma classe média negra intelectualizada no Brasil. 

“Hipocondria moral” é, a partir do título, uma provocação dos autores à combinação de “decência e narcisismo” que marca um comportamento típico das classes médias em sua participação no debate público. 

“A culpa é imputada pelo que se faz; a responsabilidade, não apenas pelo que se faz, mas também pelo que não se faz”, escrevem Carrillo e Luque a respeito da distinção proposta por Hannah Arendt. “Contudo, culpa e responsabilidade costumam ser confundidas: às vezes nos sentimos culpados quando, na verdade, o que estamos sentindo é o chamado da responsabilidade.” (Paulo Roberto Pires)

*

SUMÁRIO

ENSAIO PESSOAL
Evandro Cruz Silva / Talles Lopes
Eu, minhas convicções e um moleque preto com arma na mão
Ser agredido por um menino preto e pobre evoca uma questão mais duradoura, estrutural e perniciosa: a defesa dos direitos de “nós negros” serve para mim e para ele?

SOCIEDADE
Namwali Serpell / Lia D Castro
Ela é capital!
Onipresente na arte como musa e objeto, a prostituta pode ter encontrado na web um terreno artístico próprio

ENSAIO PESSOAL
Paloma Vidal
Pra onde a gente tá indo
Em abril de 2022, com o calendário ainda atrasado, voltei a dar aulas presenciais

ARTE
Jed Perl / Julie Mehretu
Entre abstração e representação
Artistas acreditam prescindir hoje da escolha entre as duas tradições, minimizando o que perdem na opção pelo ecletismo

EDIÇÃO
Melina Moe
Autobiografia radical
Foi Toni Morrison, então editora de livros, quem convenceu Angela Davis de que uma narrativa de memórias poderia ser política

ENSAIO VISUAL
Leila Danziger
Papéis de um dia

ENSAIO PESSOAL
Joseph Epstein / André Penteado
Sobre dor e luto
A perda de quem se ama envolve muito mais do que a filosofia ou a psicologia podem interpretar

ANTROPOLOGIA
Michael Taussig / Andrés Sandoval
Cadernos de campo
Em suas anotações, antropólogos e escritores transformam o cotidiano num mundo subaquático em que as coisas da superfície tornam-se valiosas e estranhas

MEMÓRIAS
Ishmael Reed / Wadsworth Jarrell
Nova chama para o fogo negro
Acima de inevitáveis divisões e disputas violentas, o Black Arts Movement redefiniu a cena artística e política dos EUA nos anos 1960

CRÍTICA CULTURAL
Natalia Carrillo e Pau Luque
Hipocondria moral
Da peculiar combinação de decência e narcisismo nasce um dos fenômenos que melhor definem as classes médias progressistas ocidentais a partir da segunda metade do século 20

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *