Três ensaios – Oficina serrote + Flip 2013

Três ensaios
Oficina serrote + Flip 2013

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Este ebook é resultado da Oficina Literária realizada em conjunto pela Festa Literária Internacional de Paraty e a serrote durante a 11a edição do evento, em julho de 2013. Ministradas por Paulo Roberto Pires, editor da serrote, as aulas tiveram a participação dos escritores Francisco Bosco e Geoff Dyer.  Dos 17 ensaios escritos pelos alunos, foram selecionados três, de autoria de Anna Virginia Balloussier, Daniel Martins de Barros e Vanessa C. Rodrigues. Não houve competição, e sim a vontade de mostrar raciocínios e estilos que definem um bom ensaio em qualquer contexto, tendo como denominadores comuns a liberdade e a independência intelectual.

Peripécias da inteligência
Paulo Roberto Pires

No Brasil, ensaio é quase sempre sinônimo de erudição, academicismo e empolação. Pior para nós se, por aqui, o gênero não prosperou como em outras latitudes, onde ensaio é o texto elegante e claro, em que inteligência e curiosidade estendem a mão ao leitor. O ensaísta não dá lição: ele convida a um passeio pelo assunto que elege. Para parecer à vontade, trabalha duro. Para ser complexo, se dá ares de simplicidade.

É esta ideia de ensaio que a serrote cultiva há cinco anos e que esteve no centro da Oficina Literária promovida em conjunto com a Flip. Em quase nove horas de conversas com as participações especialíssimas de Francisco Bosco e Geoff Dyer, dezessete pessoas de perfis variados mergulharam em conceitos, exemplos e experiências para nutrir projetos desenvolvidos posteriormente.

O resultado da maratona foi, para mim, mais do que compensador. Os ensaios, que li, ao lado das minhas anotações feitas nas aulas, são testemunho do quanto valeu a pena, para todos nós, abrir mão de bons debates, manhãs esplendorosas e pantagruélicas sessões de comida e bebida. Não atestam um aprendizado, pois não havia nada a ensinar. Mas reagem às provocações que fiz em três dias de conversas, reafirmando com convicção a divisa de Montaigne: “Vou, inquiridor e ignorante”.

É assim que caminham os ensaios aqui publicados, encontros felizes de curiosidade com inteligência. Minha escolha não proclama vencedores, pois não houve competição nem tenho vocação para juiz. Mas reflete, isso sim, raciocínios e estilos que, para mim, definem um bom ensaio em qualquer contexto ou situação.

Anna Virginia Balloussier e Vanessa Rodrigues, ladies first, usam a primeira pessoa para além do próprio umbigo. A jornalista que se debate com as dificuldades de lidar com o mundo evangélico brasileiro e a escritora que encontra na filosofia e na literatura a chave para decifrar uma cena da infância são narradoras críticas e autocríticas no sutil entrelaçamento entre o lido e o vivido. Médico, Daniel Martins de Barros convoca Calvin (e o tigre Haroldo) para, com Joseph Conrad, Freud e Stanley Kubrick, entender melhor o medo, o pânico e outros sintomas da angústia de todos nós.

Liberdade e independência intelectual são denominadores comuns aos três ensaios. Seus autores sabem do que estão falando e, por isso, dão consistência e sinceridade à escrita. Nenhum deles promete novidade ou conclusões peremptórias, cientes que estão de que, no ensaio, o caminho é mais importante do que a chegada.

E, aí eu garanto, vale a pena embarcar em cada uma dessas viagens, que, entre Paraty e o seu computador ou reader, fazem jus à definição do escritor triestino Claudio Magris, para quem o ensaio é a peripécia da inteligência.

Rio de Janeiro, novembro de 2013

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